Ela é doida demais
Fenômeno da música, com 35 milhões de discos vendidos em todo o mundo, a cantora britânica Amy Winehouse, de apenas 24 anos, conseguiu, mais uma vez, ser o centro das atenções nas últimas semanas. Apesar de ter apenas dois discos lançados – "Frank", em 2003, e o cultuado "Black To Black", em 2006 – ela estampa capas de revistas, jornais e sites com suas maluquices e afetações, dentro e fora dos palcos. Toda essa loucura de Amy mexeu com fãs e internautas, que até especulam, em alguns sites, a data exata da morte da cantora.
Com estilo único – o turbante de cabelo, as tatuagens, a magreza e os olhos cheios de delineador – ela abusa das doideiras: descolore as madeixas, fuma e bebe sem parar, usa drogas, é internada para reabilitação, vai presa e tem constantes brigas com o marido, Blake Fielder, o que lhe rendeu aparições com hematomas e marcas de sangue.
A última presepada foi a internação, depois de um desmaio, e a "sentença" dos médicos: se ela não parar de fumar ou se drogar imediatamente, vai morrer. Atitude autodestrutiva ou falta de controle? Outros grandes nomes da música tiveram sua história marcada pelos problemas com drogas e pelas relações pessoais conturbadas. Basta lembrar o líder do Nirvana, Kurt Cobain; a cantora Janis Joplin; Jimi Hendrix e o trompetista Chet Baker.
Musicalmente, Amy tenta compensar suas esquisitices. Primeira cantora inglesa a levar cinco Grammy para casa, ela se apresenta acompanhada de uma superbanda e mistura soul, R B e pop com originalidade.
Aproveitando a curiosidade em torno da cantora, seu disco de estréia será, finalmente, lançado no Brasil. Mesmo com uma sentença de morte, Amy segue sua agenda de shows na Inglaterra: faz amanhã uma participação no concerto de homenagem aos 90 anos de Nelson Mandela; e uma apresentação no festival de Glastonbury, no sábado, ambas em Londres.
Para os fãs, um leve suspiro de calmaria. "Seus admiradores nunca a abandonaram e nunca o farão. E esperam, torcem, ansiosamente, pra que essa fase negra passe, pra que volte a cantar lindamente para nós", deseja a estilista Marina Maia, 27 anos.
A engenheira Licia Mesquita, 28, também é fã e acha que a situação de Amy é muito parecida com a de vários outros artistas. "Esse meio acaba levando as pessoas para esse caminho. Tira a privacidade, porque eles estão todos os dias nos sites de notícias, por qualquer coisa que façam", afirma.
Mito
Mas Amy pode virar um ícone se morrer jovem? O produtor musical Ricardo Mendes duvida. Para ele, ainda é cedo para dizer se Amy poderá ser comparada a lendas como John Lennon ou Cazuza. "É preciso saber qual legado ela está deixando. Hoje, existe uma inversão de valores: as pessoas se preocupam mais com a vida pessoal do que com o lado artístico", explica.
O circo de horrores que se vê em notícias relacionadas a celebridades – basta lembrar ainda de Britney Spears e Michael Jackson, só para citar alguns – só serve para afastar o público do motivo principal que colocou um artista em evidência: a arte. "No caso da Amy, assim como em outros casos, a música virou, literalmente, música de fundo", lamenta Mendes.
Trajetória
Discografia. O álbum de estréia de Amy foi "Frank", lançado em 2003. Seu segundo álbum foi "Back to Black", lançado em 2006, que levou cinco Grammy.
Vendas. Seus dois discos já venderam mais de 35 milhões de cópias em todo o mundo e seu patrimônio está estimado em mais de 300 milhões de libras (pouco mais de um bilhão de reais).
Escândalos. Amy é figura fácil dos jornais, revistas e sites. É dona do posto de junkie mais famosa do mundo.
Rehab. Depois de ser flagrada usando crack, no começo do ano, Amy foi internada em uma clínica de reabilitação, sendo vigiada 24 horas por dia.
Visto negado. Em função das polêmicas, os Estados Unidos negaram visto à artista para cantar na 50ª edição do Grammy, realizada em 10 de fevereiro, em Los Angeles.
Show. Em maio deste ano, a cantora fez um show polêmico na edição do Rock In Rio Lisboa. Na opinião de muitos, Amy entrou em palco bêbada e drogada.
Vida pessoal. Amy é casada com Blake Fielder, que está preso sob acusação de assalto desde dezembro do ano passado. A cantora já foi presa duas vezes somente neste ano, por envolvimento com drogas.
Fim. Amy acabou de receber alta de mais uma internação. Os médicos disseram que ela tem apenas 70% dos seus pulmões ativos e deram um ultimato: se ela não deixar as drogas, irá perder a sua voz e morrer rapidamente.
Eles viraram ícones
Kurt Cobain , líder da banda Nirvana
Kurt marcou a história do rock mundial com suas músicas introspectivas e suas atitudes descontroladas. Deixou como legado discos importantes, entre eles "Nevermind". O músico se suicidou em 5 de abril de 1994, aos 27 anos.
Janis Joplin , cantora
Uma das cantoras mais expressivas de todos os tempos, com estilo que misturava blues com soul, Janis lançou quatro discos e participou ativamente do movimento musical dos anos 70. Morreu de overdose de heroína, aos 27 anos.
Jimi Hendrix , guitarrista e cantor
Um dos mais influentes guitarristas, Hendrix deixou um grande legado para o rock. Seu jeito de tocar, suas composições e sua atitude no palco fizeram história. Morreu aos 27 anos, asfixiado em seu próprio vômito, depois de ingerir pílulas.
Jim Morrison , vocalista do The Doors
O vocalista da banda The Doors era polêmico. Deixou uma herança que continua viva até hoje, principalmente nas letras da banda de rock. Compositor e cantor, ele morreu também aos 27 anos, suspostamente de overdose.
Elis Regina , cantora
Uma das maiores cantoras brasileiras, a Pimentinha teve morte trágica, aos 36 anos, devido a complicações decorrentes de overdose de cocaína, tranqüilizantes e bebida. Deixou vasta e brilhante obra na música popular brasileira.
Tim Maia , cantor e compositor
Tim alcançou o sucesso na década 70 e tornou-se um dos cantores mais influentes do país, autor de hits inesquecíveis. Durante toda sua carreira, teve envolvimento notório com drogas e bebidas. Morreu de uma infecção generalizada, aos 55 anos, em 1998.
Tatiana Wuo
agazeta.com.br