Lil Wayne não foge à rotina de hits e prisões que reduz a maioria dos rappers norte-americanos ao binômio sucesso-encrencas. Aos 25 anos, após um início de carreira derrapante, Dwayne Michael Carter, Jr. se afirmou com a trilogia de discos "Tha Carter". O terceiro volume chega agora às lojas e, segundo a Billboard, é o seu maior sucesso: vendeu mais de 2 milhões de cópias nos Estados Unidos e figura nas principais listas do mercado fonográfico.
Um olhar mais atento, porém, revela o quanto o rapper de New Orleans repete fórmulas e reafirma estereótipos do gênero (violência e mulheres). O time de produtores e convidados especiais, que vai de Dr. Dre a Jay-Z, joga para um resultado pouco empolgante. Mas há, aqui e ali, casos especiais que merecem atenção. A sexta faixa, "Dr. Carter", é a mais criativa. Sobre base de "The Smile", de David Axelrod, um dos compositores mais sampleados pelos rappers norte-americanos, Wayne conduz a marcha auto-referente em que o músico-médico salva uma vítima da falta de idéias.
Em pouco mais de quatro minutos, Wayne elogia Kanye West ("é um dos melhores"), Swizz Beatz ("pode reviver sua batida e melhorá-la"), que produz a faixa, para encerrar com a frase "Eu digo ?seja bem-vindo de volta?/Hip hop, eu salvei a sua vida". Humilde, não?
Suspiro
No meio do caminho entre "Dr. Carter" e "DontGetIt", o outro suspiro criativo do álbum, existe a boa levada de "Tie My Hands", que lembra a lendária The Fugees, além das divertidas "Lollipop" e "La La".
Épico de quase dez minutos, "DontGetIt" tem rimas bem trabalhadas sobre drogas e diferenças sociais entre o gueto e o subúrbio, além de criticar abertamente o reverendo batista Al Sharpton, defensor dos bons costumes na música norte-americana. Como base, a bela versão de Nina Simone para "Don?t Let me be Misunderstood".
Ouça
Lil Wayne
Tha Carter III
Universal 16 faixas
Quanto: R$ 27,90 (em média)
Fonte: A Gazeta
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