segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Novela recoloca Ritchie na trilha do sucesso


Vídeo: RITCHIE - FALA - A FAVORITA


Novela recoloca Ritchie na trilha do sucesso


Sem lançar um disco desde 2002 ("Auto-fidelidade", pela Deckdisc) e sem estourar nas rádios desde a década de 80, o cantor Ritchie volta a experimentar o gosto de ver seu trabalho chegar ao grande público: sua gravação de "Fala", dos Secos e Molhados, faz parte da trilha sonora da novela "A Favorita". Ou seja, ouvintes de todas as classes, universo popular... Exatamente como Ritchie acha que deve ser.

"A elitização prejudicou muito o rock nacional", defende o músico. "Quando houve a transição do Chacrinha para a MTV, o rock virou coisa de menino rico paulista. Perdeu sua veia popular, o que lamento. Foi aí que ele saiu de cena, abrindo espaço para o sertanejo, o pagode. A novela, não a MTV, é a vitrine para se chegar a todas as camadas."

Pode parecer ressentimento de quem está fora da MTV e dentro da novela. Mas, aos 56 anos, Ritchie fala com tranqüilidade sobre sua situação no cenário musical brasileiro. Diz não ser um artista de muitos shows, mas conta empolgado ter tocado para 11 mil pessoas em Olinda, mês passado, num show temático sobre os anos 80. E, este ano, comemora um feito raro: seu disco de estréia, "Vôo de Coração", completa 25 anos em catálogo, ou seja, disponível nas lojas.
Segundo a gravadora Sony BMG, hoje, o CD – um fenômeno que vendeu mais de um milhão de cópias no ano de lançamento, puxado por "Menina Veneno" – mantém uma vendagem de 300 cópias por mês.

"Estou negociando com a Sony a remasterização do disco, que deve ser lançado até o fim do ano", conta Ritchie. "A idéia é termos uma edição de luxo, com extras e a participação de pessoas que estiveram no original, como (o letrista) Bernardo Vilhena, (o produtor) Carlão e (o fotógrafo) Milton Montenegro, que fez a capa."



Novela

Em breve, Ritchie poderá ser ouvido em outra novela. O SBT pediu autorização para o uso de "Tudo que eu Quero" (faixa de "Vôo de Coração") na trilha sonora do folhetim "Revelação". Nesse caso, a canção foi estrategicamente apresentada à emissora. Mas, em "A Favorita", Ritchie explica, a inclusão da música foi espontânea.

"Não houve nenhum esforço ou lobby da minha parte. Fui surpreendido e, quando liguei para agradecer a Mariozinho Rocha (responsável pela seleção das trilhas das novelas da Globo), ele me explicou que escolheu a música por ter tudo a ver com o personagem (o bicho-grilo Augusto César, vivido por José Mayer)."

Curiosamente, Ritchie consegue emplacar músicas em novelas com mais facilidade quando está sem gravadora. Foi o que aconteceu em "Cara e Coroa" (1995) e "Agora é que são Elas" (2003). "Acredito que isso acontece porque, quando estou independente, cai um véu, fica só a música. E há uma empatia entre meu trabalho e esse público das novelas."

"Fala", de João Ricardo e Luli, foi gravada por Ritchie em 2003 para o CD "Assim Assado", um tributo aos Secos Molhados. A música está no primeiro disco do grupo de Ney Matogrosso, que era um fenômeno de popularidade quando Ritchie chegou ao Brasil, da Inglaterra, no início dos anos 70. Ele vê a volta à canção, junto com a comemoração dos 25 anos de seu primeiro disco, como o fim de um ciclo.

O cantor pretende inaugurar seu próximo ciclo no ano que vem, com o lançamento de um CD de inéditas. Já tem 14 músicas prontas, entre elas parcerias com Arnaldo Antunes, Fausto Nilo, Leoni e Bernardo Vilhena. Completar sete anos sem lançar um CD não incomoda Ritchie. "Não quero lançar um disco ruim todo ano, só pela obrigação de lançar. Eu espero ter algo a dizer. Como diz a canção, ‘eu só vou falar na hora de falar’", diz, citando a letra de "Fala".

Roqueiro tem orgulho dos anos 80

No período sem gravar discos, Ritchie participou de um DVD com artistas dos anos 80 e vem fazendo shows para esse público. "Enquanto estão felizes com a gente, ótimo. Estamos aqui para entreter. Chega uma hora em que temos que vestir a carapuça. Tem artista que nega, mas eu afirmo que sou dos anos 80, tenho orgulho disso", argumenta, lembrando "Menina Veneno". "Foi um momento no qual consegui sintonizar a freqüência nacional, acertamos a veia do país. E sem esquemas. A canção foi mandada para as rádios em fita de rolo, porque a gravadora não quis arcar os custos da prensagem do disco. Hoje as pessoas vêm me falar que ficavam passeando pelo dial, ouvindo ‘Menina Veneno’ o dia inteiro. E houve casais que se conheceram por causa da música... Isso é tudo para um artista pop."

Fonte: A Gazeta (Leonardo Richote)

Um comentário:

Márcia Pilot disse...

"EU NÃO VOU FALAR NA HORA DE FALAR",realmente qd Ritchie falou deu seu recado. A prova é o DVD "Outra Vez", que sintetiza todo o talento, sensibilidade, competencia,desse artista tão brasileiro....valeu esperar..parabéns Ritchie....