segunda-feira, 16 de março de 2009

Kraftwerk volta ao Brasil com hits e robôs



Tom Leão
Rio de Janeiro 


No começo, fim dos anos 1960, eram Ralf Hütter e Florian Schneider, dois amigos de faculdade que, a princípio, faziam uma espécie de folk music eletrificada, que plugava flautas e violões. Depois, já nos anos 1970, a dupla virou um grupo e mergulhou fundo na eletrônica, criando o Kraftwerk, a mais influente banda do gênero, que está presente, virtualmente, tanto nos padrões do synth pop inglês dos anos 1980 quanto no techno, no electro, e também no batidão do funk carioca. 

Pela terceira vez no Brasil, o Kraftwerk fará a abertura de luxo para o show do Radiohead, nesta sexta-feira, na Praça da Apoteose. A diferença é que, agora, da formação original, só resta Hütter, pois Schneider se desligou da banda no fim do ano passado. 

O que isso muda para o Kraftwerk? "Não muda muita coisa, basicamente", diz Hütter, com seu inevitável sotaque germânico. "Temos um fantástico time de músicos, engenheiros, programadores, iluminadores... tudo isso faz a usina de força do Kraftwerk continuar trabalhando como sempre."

Hütter explica, sem entrar em muitos detalhes, o motivo da saída de Florian Schneider: "Ele estava trabalhando em outros projetos há muito tempo." Ele também reforça que isso não levará ao fim da banda: "Por quê? (ri nervoso) Não há qualquer motivo para isso."

Ele só relaxa quando pergunta-se sobre as suas lembranças anteriores do nosso país: "Só tenho boas memórias daí. Aqui na Alemanha é sempre cinza e chuvoso, é sempre bom ir para algum lugar mais ensolarado e quente. Espero aproveitar o verão aí."

O camarada, que sempre cuidou de tudo no que se refere ao Kraftwerk e faz os vocais principais e arranjos, também avisou que vai dar umas pedaladas, pois é fissurado em bicicleta (e o disco "Tour de France" é a prova disso). "Acho perigoso andar de bicicleta em cidades que não conheço. Mas da última vez em que estive no Rio aluguei uma e pedalei pela Praia de Ipanema." 

Outra coisa que ele fez no Rio, da vez passada, em 2004, foi, depois do show, ir para o after dos clubes de música eletrônica. Vai repetir? "Costumo ir a festas em clubes depois dos shows, conhecer os locais, o lugar, os ruídos humanos, a fauna, tudo nos interessa." 

Embora o guitarrista Ed O’Brien, do Radiohead, tenha dito em recente entrevista que esta será a primeira vez que eles tocarão juntos com o Kraftwerk, Hütter garante que isso já rolou: "Acho que houve uma vez na América, no (festival) Coachella, há cinco anos, em que estivemos na mesma programação, juntos." 

Espaços 

Gosta do som do Radiohead? "Sim, eu acho o trabalho deles muito interessante." E quanto a tocar em grandes espaços abertos, faz diferença? "Não faz muita diferença. O problema, quando temos, é mais das partes elétrica e acústica. Na Polônia, já tocamos numa imensa fábrica abandonada e foi uma situação bastante interessante."

Aos fãs, que aguardam ansiosamente o relançamento de todos os discos da banda em versões remasterizadas, como estava programado para acontecer há alguns anos, Hütter tem boas notícias: "Nós tivemos uns problemas técnicos. E financeiros também. A companhia (EMI) estava com problemas e suspendeu o lançamento, mas todos os discos serão relançados muito em breve", diz. 

Antes de ir, Hütter disse como será o repertório dos shows aqui: "Como só tocaremos 60 minutos, será uma performance mais compacta. Mas teremos os robôs em cena e tocaremos algumas das músicas mais conhecidas." 

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