Batista, 62, contou à jornalista Marília Gabriela que, antes de se tornar músico profissional, quando tinha entre 18 e 19 anos, trabalhava em uma livraria. Ali, facilitou o acesso de intelectuais a livros considerados subversivos na época.
O artista disse também ter aceitado enviar somas de dinheiro a um professor universitário do Maranhão que mais tarde descobriu estar envolvido em ações clandestinas de grupos esquerdistas.
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O cantor Amado Batista em cena do documentário "Vou Rifar Meu Coração", de Ana Rieper |
"Um dia me soltaram, todo machucado. Fiquei tão atordoado. Queria largar tudo e virar andarilho."
Questionado pela entrevistadora se teria vontade de confrontar seus torturadores, o cantor foi enfático: "Não. Eu acho que mereci. Fiz coisas erradas, eles me corrigiram, assim como uma mãe que corrige um filho. Acho que eu estava errado por estar contra o governo e ter acobertado pessoas que queriam tomar o país à força. Fui torturado, mas mereci".
Para o músico, a repressão foi um instrumento necessário naquele contexto, para evitar que "o Brasil virasse uma [espécie de] Cuba".
O músico revelou, ainda, ter sido procurado pela Comissão da Verdade, que investiga violações de direitos humanos praticados durante o regime militar, e que hoje recebe uma indenização do governo. "Recebo um salário de cerca de R$ 1.000, há algum tempo, mas acho desnecessário."
Folha
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