Skank está diferente... de novo
As 12 faixas foram compostas a partir de janeiro deste ano, entre um show e outro, e misturam referências colhidas da MPB, do soul funk, dos Beatles e dos Stones, mas também de Kasabian e Oasis. "A gente se beneficia de ter uma formação musical diversa. Na banda, todo mundo ouve mais de um gênero musical. Vamos do pop rock à MPB, passando pelo Clube da Esquina, pelo jazz e pela música instrumental. Um gosto bem misturado que transparece em nosso trabalho", explica Samuel Rosa, vocalista, guitarrista e compositor da banda, em entrevista por telefone ao Caderno 2.
Ouça:
Skank - Renascença
Skank - Canção Áspera
Skank - Um Gesto Qualquer
As artes plásticas também são uma referência para "Estandarte". A capa do disco é uma pintura, como já é tradição nos lançamentos do Skank. Trata-se de uma obra do paranaense Rafael Silveira, 29 anos, artista influenciado pela publicidade dos anos 1940 e 1950, por quadrinistas como Robert Crumb e pelos pintores Mark Ryden e Eric White. Suas criações colorem ainda o encarte do álbum. Um bom convite à audição.
Modernidade
Mudar sempre não é uma obrigação, mas é um fato do qual a banda se orgulha mesmo. "Somos uma banda que tem essa aptidão de assimilar sons e modernidade. Por isso não soamos datados. Não somos uma banda que faz um rockzinho dos anos 90, fazemos um som dos anos 2000", rebate.
Nesse sentido, a retomada do trabalho de produção com Dudu Marote pôde trazer novas referências. "Voltamos a trabalhar juntos quando regravamos ?Beleza Pura? (de Caetano Veloso). Queríamos um disco mais pulsante, que brincasse com levadas e grooves, e o Dudu, em sua essência, é um expert do ritmo", diz.
Na verdade, como o próprio Samuel confessa, "Estandarte" tem a cara da banda, mas tem muito da mão do produtor. "Ele interferiu toda hora. Questionava o jeito de cantar, mexia nas linhas de baixo com a bateria. O Skank nunca fez um disco sozinho. Eu acho até que ter uma pessoa de fora da banda é importante, porque nós precisamos ser confrontados e instigados o tempo todo para fazer um disco legal. Às vezes precisamos deixar de lado certas manias e vícios que um cara de fora pode ver melhor", opina Samuel.
E de fato, a parceria com Marote rendeu boas timbragens, arranjos moderninhos e um disco bem pop, que também aposta em caminhos menos óbvios. Entre as faixas, composições de Samuel com parceiros das antigas, como Nando Reis (dobradinha que se mantém desde o primeiro hit feito em dupla, "É uma Partida de Futebol", de 1996), Chico Amaral (figura conhecida nos discos do Skank) e César Maurício (ex-Virna Lisi e Radar Tantã).
Em suma, é um disco de boas e bem construídas canções: o single, "Ainda Gosto Dela", com participação de Negra Li, é um pop açucarado que agrada aos ouvidos; "Noites de Um Verão Qualquer" faz lembrar muito a fase "Calango"; "Escravo" é um rock quase indiano, meio Beatles, dos melhores do disco; e "Sutilmente", parceria com Nando Reis, tem violão que faz lembrar Clube da Esquina.
O resultado, conquistado com a masterização luxuosa de Bob Ludwig (Paul McCartney, Nirvana e Led Zeppelin), é um belo disco, com ótimas performances de Haroldo Ferreti (bateria), Henrique Portugal (teclado) e Lelo Zanetti (baixo). "A gente tem mania de classificações, de rótulos, de separar em prateleiras. Eu acho também que o público pede isso, no início, porque quando se desconhece, se discrimina. Acho que nesse disco dá para ouvir ecos de coisas conhecidas. Sempre tem, é natural", completa.
Ouça sem parar
Skank
Estandarte
Sony BMG 12 faixas
Quanto: R$ 23, em média.
Autor: Tatiana Wuo
Fonte: A GazetaSKANK - Vou deixar
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