Alanis Morissette - Ironic
"Estive aí pela última vez em 2002 ou 2003, não foi?", pergunta, por telefone, de sua casa em Los Angeles. "Foi em 2003? Até participei de uma novela (‘Celebridade’), não foi? Foi divertido."
Agenda
Alanis volta ao Brasil este mês, para sua maior turnê pelo país até hoje, que começa dia 21, em Manaus, e passa por 11 cidades até 5 de fevereiro. O Rio a verá no dia 4, na Arena, em Jacarepaguá. Além do Brasil, ela faz um show em Buenos Aires e três no México. "Estava querendo muito voltar ao Brasil", diz ela. "Disse ao meu empresário e à empresa que marca meus shows que queria ir fundo na América Latina. Agora não posso reclamar, tenho que encarar."
Alanis diz que suas lembranças do Brasil são as melhores possíveis. "Não consigo me lembrar de um dia que passei aí em que o tempo não estivesse bonito, com sol", conta. "E as pessoas são muito bonitas, esteticamente, além de muito apaixonadas por música. Adorei passear e ver o povo. Quero ver se tiro dias de folga no Rio e em Manaus, para conhecer um pouco da floresta", observa.
Alanis passou o ano de 2008 na estrada, promovendo seu disco mais recente, "Flavors of Entanglement" (WEA). O nome complicado do disco (em português, seria algo como "Sabores do envolvimento"; "entanglement", literalmente, significa "embaraço", no sentido de cabelos ou fios que se embaraçam, unem-se) é apenas mais um em uma carreira que traz títulos como "Supposed Former Infatuation Junkie" e músicas cheias de palavras, muitas delas difíceis de se ver em letras de rock. "Meus pais são, os dois, professores", conta Alanis, rindo. "Meu pai, principalmente, sempre me cobrou muito que conhecesse as palavras e soubesse escrevê-las direito. Sou fascinada pelo idioma inglês. As pessoas que viajam comigo estão felizes da vida porque comprei um daqueles e-books em que cabem cem ou 200 livros, e não vou mais viajar com 50 deles na bagagem em cada turnê."
Angústia
Além do vocabulário, as músicas da cantora canadense são marcadas pela angústia, às vezes pela melancolia, o que não se esperaria de uma mulher sempre sorridente e bem-humorada como Alanis. "São duas faces minhas", define ela. "Na hora de compor, não sou a piadista que sou no meu cotidiano. Acho que não saberia compor músicas bem-humoradas que não fossem bobas. Acabo usando os sentimentos que me incomodam, às vezes contando casos da minha própria vida pessoal."
Toda essa carga emocional quase a fez desistir da carreira bem no auge: depois de cerca de dois anos na estrada, nos anos 1990, Alanis foi para a Índia, onde aprendeu a relaxar. "Já estive lá três vezes, estou bem mais zen", brinca ela. "Sempre fui muito tensa, desde adolescente, quando tinha que fazer sucesso, não podia engordar (o que rendeu a ela problemas como a bulimia), vivia pressionada. Hoje faço as coisas no meu tempo", revela.
E a Índia também a influencia musicalmente. A presença dos sons do Oriente é clara em algumas canções do disco, como "Citizen of the Planet". "Gosto muito das escalas musicais usadas na música de lá", explica ela. "Fico mais à vontade compondo com aqueles acordes, como os diminutos, que não são típicos do rock."
Com tantas "complicações", "Jagged Little Pill" – com os sucessos "You Oughta Know", "Ironic" e "You Learn" – ainda é o disco de estreia mais vendido da História. "Isso é maravilhoso", diz Alanis. "Acho que tudo deu certo, que as pessoas entenderam um disco com letras tão pessoais, que expunham a alma de uma jovem, e possivelmente enxergaram seus próprios dramas naquelas canções."
Tecnicamente, "Jagged..." não é o primeiro disco de Alanis: no posto de estrela pop-adolescente de seu Canadá natal, ela lançou "Alanis", em 1991, e "Now is the Time", no ano seguinte, apenas naquele país. "Adoro aqueles discos", garante. "São como fotografias, mostrando quem era eu aos 16, 17 anos. Quando lancei ‘Jagged...’, queriam reeditar os dois juntos. Não aceitei. Mas, hoje, tantos anos depois, seria legal. Ainda canto algumas daquelas músicas em shows no Canadá, onde elas são mais ou menos conhecidas. Mas o pessoal daí do Brasil não corre o risco de ouvi-las. Acho que sei quais são as favoritas dos meus amigos brasileiros."
Confira
Alanis Morissette
Show no Rio de Janeiro
Quando onde: 4 de fevereiro, na Arena (Avenida Embaixador Abelardo Bueno 3.401, Barra da Tijuca).
Abertura dos portões: 19h
Início do show: 22h
Ingressos: Camarote, R$ 300: Pista VIP, R$ 300; Pista Comum, R$ 220; Nível 1, R$ 180. À venda no www.livepass.com.br com a cobrança de 15% de taxa de conveniência.
Censura: 16 anos
Informações: (21) 4003-1527
Bernardo Araujo (A Gazeta)
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