domingo, 23 de janeiro de 2011

A nova cara da música pop em 2011

Não é preciso uma tese para constatar: nunca se produziu e veiculou tanta música. A proliferação e a solidificação dos programas de compartilhamento de arquivos - legais e, principalmente, os ilegais -, dos sites de relacionamento e entretenimento - MySpace, YouTube e Facebook -, e a digitalização das ferramentas de produção e gravação catapultaram uma avalanche de novos artistas. E, assim, não resta a menor dúvida: os fãs de música - dos ocasionais aos colecionadores - estão encurralados. Não adianta correr, a cada minuto uma nova banda surge para provar que a batalha de se manter atualizado está cada vez mais inglória. Nunca se disse tanto "não" a uma simples pergunta: "Conhece a banda tal?" Mas nada que um clique não resolva.


E é de clique em clique que assistimos a fenômenos mundiais nascerem e se sustentarem na internet, insuflados pelos blogs, antes de se lançarem em pequenos selos e, depois, serem cooptados pela máquina das grandes gravadoras, que, de um jeito ou de outro, ainda faz girar as engrenagens do mundo pop. É por tudo isso que, a cada início de ano, uma verdadeira rede de apostas se inicia. Artistas, produtores, empresários, executivos e jornalistas saem à caça. Voltam com a cabeça cheia para selecionar nomes em que vale - ou não - a pena investir.


Empresas de telecomunicações como a inglesa BBC e a americana MTV, jornalões como o "The Guardian" e o "Los Angeles Times", assim como publicações especializadas como "NME", "Spin", "Q" e "Mojo", entre tantas outras, se incumbem de tentar descobrir, divulgar e apresentar aos leitores o sumo de uma nova safra de artistas que irá dominar o ano. Dos line-ups de festivais às capas de publicações, passando pelo topo das paradas de sucesso ou da crítica musical, de Lady Gaga a MGMT, nos últimos anos, todos foram alvo dos ouvidos especuladores.


No ano passado, vimos a ascensão meteórica de Ke$ha, o mundo pop ser tomado por Lady Gaga, mas também a volta por cima da música alternativa, não apenas na Inglaterra, mas também nos Estados Unidos, representada pelo Arcade Fire, que atingiu o topo do principal chart americano, o Billboard 200, com o aclamado "The suburbs". Público e crítica também alavancaram outros grupos indies, como Phoenix, Mumford & Sons e Vampire Weekend, que ainda abocanhou o topo com o disco "Contra" (e toca no Circo Voador no dia 3 de fevereiro). Nomes como MGMT, Friendly Fires, Foals, The Ting Tings, Empire of The Sun são algumas das apostas que vingaram e também já vieram ao Brasil.


E é isso que O GLOBO se propôs a fazer: pregar olhos e ouvidos na rede e peneirar o que de mais promissor vem sendo cotado para 2011. Nesta página você confere dez novos nomes. Entre eles, apostas como The Vaccines, Jessie J, Grouplove e Anna Calvi, que apenas começam a mostrar seus trabalhos. Artistas desconhecidos da maioria, mas que de um dia para o outro podem se tornar a bola da vez.

ANNA CALVI: Aos 28 anos, acaba de lançar seu début, "Anna Calvi". Aclamada pela crítica, a inglesa tem a voz potente, a postura típica de uma diva e o talento multifacetado que marca a sua geração. Cantora, compositora e instrumentista, chamou a atenção com "Jezebel", canção que ficou famosa na voz de Edith Piaf. Aliás, Piaf e PJ Harvey se misturam como influências da atmosfera dark e sensual que perpassa o álbum. Nick Cave e Brian Eno são fãs - o último disse que ela é a artista mais interessante surgida desde Patti Smith.
OUÇA ESTA: "Moulinette"
JESSIE J: Primeiro lugar no ranking de apostas da BBC, Jessie J é a bola da vez do pop. Mix de Lady Gaga, Katy Perry e Lily Allen, esta inglesa é autora de hits com vocação para a pista. Contratada pela Universal, ela finaliza o disco de estreia e já conta com padrinhos como Justin Timberlake, que declarou que a moça é o maior talento que ouviu nos últimos tempos. Sua versão acústica para "Price tag" no programa de Jools Holland basta para provar a versatilidade da voz e a força de suas melodias.
OUÇA ESTA: "Do it like a dude"
GROUPLOVE: Os quatro meninos curtiam férias na Grécia. A menina fazia uma residência artística por lá. Dividindo a mesma casa, bastou um microfone livre para ela se arriscar nos vocais e o Grouplove se formar. Baseado na Califórnia, o quinteto surfa na onda que levou a sonoridade alternativa dos Pixies ao Nirvana. Melodias ensolaradas, coros épicos e uma pegada visceral moldam as canções.
OUÇA ESTA: "Gold coast"
NAKED AND FAMOUS: Eles colocaram a Nova Zelândia no mapa do pop ao levar o single "Young blood" ao topo das paradas. Com o disco de estreia, "Passive me, agressive you", recém-lançado, Thom Powers e Alisa Xayalith - a força criativa por trás da banda - acertam em cheio com um eletro-pop dançante que vem sendo comparado a grupos como MGMT, Empire of the Sun e Passion Pit.
OUÇA ESTA: "Young blood"
NIKI & THE DOVE: Antes de formar este grupo, a sueca Malin Dahlström era programadora de som e cantava na extinta banda The Steins Dora. Mas foi ao montar a Niki & The Dove que a vocalista ganhou os olhares da crítica e que a sua voz passou a ser definda como a de uma Stevie Nicks (Fleetwood Mac) mais intensa. Repleto de camadas, o som é atmosférico, sexy, dramático.
OUÇA ESTA: "Mother protect"
BROTHER: Eles são falastrões e seguem à risca os preceitos dos ícones do britpop, em especial o Oasis. Sem dar bola para sites como MySpace, pouco a pouco o grupo vem ganhando a atenção da mídia. Em seu site, fazem questão de dizer: "Sério, nós somos uma banda realmente única e interessante." Único ou não, o grupo, que faz um rock inglês sem muitas derivações, mostra personalidade.
OUÇA ESTA: "Darling buds of may"

MORNING PARADE: Rock salpicado de tintas eletrônicas, com notas pontuadas de guitarra dialogando com sintetizadores, o Morning Parade tem tudo para estourar nas pistas. Quinteto formado em Essex, na Inglaterra, o grupo tem nas mãos a força do single "Under the stars", já alçado à condição de hit. Na linha de grupos como Keane e Delphic, afirmam sua popularidade a partir de melodias pegajosas e dos vocais melancólicos, mas poderosos, do líder Steve Sparrow.
OUÇA ESTA: "Under the stars"

JAMES BLAKE: O nome desse jovem produtor não sai da boca de DJs e jornalistas ingleses. Figura influente na cena dubstep, seus remixes para nomes como Snoop Dogg e Lil Wayne criaram um culto ao seu entorno. Na bagagem, Blake traz o piano que estudou na infância e a paixão pelos vinis de jazz e soul, além da eletrônica que o jogou na noite. Dono de um belo timbre, ele lança seu disco de estreia em fevereiro.
OUÇA ESTA: "Limit to your love"
MONA: Formado em Nashville, nos Estados Unidos, o Mona traz por baixo de suas jaquetas uma sonoridade que mescla o gospel da infância dos seus integrantes, o rock sulista que os marcou na adolescência e uma inclinação ao pop sob medida para rádios e estádios do Kings of Leon. Trazendo a distorção de volta às guitarras e um punhado de singles, eles lançam o primeiro disco em breve.
OUÇA ESTA: "Teenager"
THE VACCINES: Dez anos após o lançamento dos Strokes, eles são apontados como a "nova grande banda de rock", mas desta vez vinda do outro lado do Atlântico. É som inglês até o osso: o pós-punk enfumaçado do Joy Division, a sensualidade do The Cure e o requinte melódico do The Smiths talham o hit do grupo, "Post break-up sex", um dos singles mais potentes lançados nos últimos anos.
OUÇA ESTA: "Post break-up sex"

FONTE: O GLOBO

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