quinta-feira, 20 de março de 2008

Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha: A música como herança

Video: Noites de Luiz 3 - Daniel Gonzaga e outros




Um disco para relembrar o grande Gonzaguinha



Se filho de peixe, peixinho é, imagine então quem é filho e neto de peixes grandes. Daniel Gonzaga já entrega no nome sua herança: a música. Filho de Gonzaguinha, o cantor e instrumentista lança seu quinto CD, "Comportamento Geral" (Biscoito Fino), em que interpreta canções do pai.

"Não é um disco tributo, nem uma homenagem. Segui um norte: o disco não podia ser triste. Se o meu pai estivesse vivo, eu faria o mesmo álbum", define Daniel, em entrevista por telefone ao Caderno 2. O projeto teve seu start há dois anos, quando Daniel escolheu o repertório ao lado dos músicos que tocam com ele – uma banda de responsa formada por Pedro Moraes (baixo), João Gaspar (guitarra), Cassio Cunha (bateria), Marco Trança (percussão), Clevinho (sopro) e Carlos Bernardo (violão).

As 15 faixas do disco foram gravadas ao vivo, em dois dias de estúdio – uma forma de recriar o clima dos anos 70, época em que seu pai gravava. "Gravamos sem editar mesmo, sem parar para refazer as coisas. É como uma fotografia daquele momento, com imperfeições, arestas. Tudo muito simples, mas também complicado. Assim conseguimos ter mais nuances na voz. Acho que quando existe retoque, tudo sai muito afinadinho e bonitinho, mas sem emoção", justifica Daniel.

Seleção
De um cancioneiro de cerca de 400 músicas – que Daniel diz preferir todas – foi difícil chegar ao repertório final do trabalho. "No fim, acho que ficou bem dividido, com músicas mais famosas e outras menos conhecidas. Tem ‘Sangrando’, mas tem ‘Gás Neon’; tem ‘O que é O que é’, mas tem a inédita ‘Namorar’. Não me preocupei em gravar só sucessos", explica.

A lista de músicas do álbum ainda inclui pérolas como "Comportamento Geral", que dá nome ao projeto, "Dias de Santos e Silvas", "João do Amor Divino", "Feliz", "Recado", "Diga Lá, Coração", "Festa", "Chão, Pó, Poeira" e "Da Vida". Músicas colhidas de diversas fases de Gonzaguinha.

Segundo Daniel, trata-se de um disco para rir, chorar, ouvir, namorar sem clima pesado. "Um cara que tem 15 anos pode pegar o disco, que é contemporâneo, e entender um pouco do lado social do trabalho do Gonzaguinha, da força da palavra dele", afirma.

Coisa que o próprio Daniel lembra de só ter começado a aprender um pouco mais velho. "Só fui descobrir o trabalho do meu pai e do meu avôcom 18 anos, apesar de já estar trabalhando com o meu pai como roadie, viajando e sabendo cantar as músicas", conta o músico, hoje com 33 anos.

Na estrada oficialmente desde os 21, quando lançou seu primeiro disco, ele garante que a família é sua maior referência. "A história musical da minha família é muito forte, meu bisavô já tocava sanfona em 1900. Meu pai ensaiava em casa. Eu acordava e já tinha gente tocando. Meu avô tocou na maternidade quando eu nasci. Eu não me vejo fazendo outra coisa", conta.

"Se tivesse que escolher uma música para representar meu pai, escolheria ‘Com a Perna no Mundo’. Porque conta a história dele, o Luizinho que podia ter sido pivete, mas não foi. Podia ter gravado um disco com as músicas do pai, cantar forró e fazer sucesso, mas não fez. Foi um cara forte, com músicas próprias, com uma história bonita", completa.

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